A atriz, roteirista e dramaturga Julia Tavares está em uma nova fase de sua carreira, estreando como assistente de direção em “Alguma coisa falta aqui”. A peça, dirigida por Stella Rabello, explora o excesso de informações e as angústias da vida moderna. Em uma entrevista exclusiva, Julia falou sobre essa nova experiência e a paixão que a move no mundo das artes.
Ao ser perguntarmos sobre a oportunidade de trabalhar ao lado de Stella Rabello, Julia revelou uma grande admiração pela diretora. “Stella é uma atriz brilhante que eu sempre admirei. Acompanhar de perto o seu processo de criação e poder trocar artisticamente com ela foi um privilégio”, afirmou. Para Julia, a generosidade de Stella em dividir seu olhar sobre a direção a fez amar ainda mais sua profissão.
A peça, que tem texto de Bernardo Coimbra, aborda temas complexos em uma linha do tempo desorganizada. Julia a descreve como “uma ode a todas as versões que nos cabem, as que sobram e as que faltam”. Ela acredita que todos nós somos autores de nossas próprias vidas, e que a peça abraça nossas versões inteiras e inacabadas.
Com uma carreira que transita entre diferentes funções atuar, escrever e produzir, Julia enxerga cada experiência como um complemento para sua visão artística. “Escrever sempre me pareceu um exercício de tecer, criar uma trama. Atuar me coloca dentro dessa trama, como parte dela. Produzir me ensina a pensar no caminho que essa trama vai percorrer até chegar às pessoas”, explicou. Essa diversidade de papéis a tornou uma artista mais sensível e completa, tanto no teatro quanto no audiovisual, onde atua em produções como a série “Detetives do Prédio Azul”, na qual interpreta Laila, a mãe do detetive Zeca.
Falando sobre a importância dos projetos autorais, como o monólogo de comédia “Julia & Julia”, que ela escreveu ao lado de João Rodrigo Ostrower, e o espetáculo “A Origem do Mundo”, de sua autoria, Julia reforça sua crença no “ator criador”. “Quando não há oportunidades de se estar em cena, é preciso criá-las”, afirmou. Esses trabalhos foram fundamentais para a construção da artista que ela é hoje.
Para Julia, embora prêmios e indicações como a de Melhor Atriz por “Noises Off” em 2015 ou a de Melhor Direção para “A Origem do Mundo” sejam gratificantes, a maior conquista é a resposta do público. “O teatro é a chance que eu tenho de viver todas as vidas que eu jamais poderia viver sendo apenas uma pessoa. Afinal de contas, cada um, é muita gente. O teatro é onde eu tenho a liberdade de ser todas elas”, concluiu.